sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O DIA EM QUE A PUTA PAGOU.

Era maio de 1998 em um final de tarde, quando dei entrada no Hospital de Clinicas da UFU, estava sentindo muita febre e uma dor abdominal intensa, seguida por calafrios que percorriam toda minha espinha vertebral; foi nesta época que descobri que estava GRAVIDA, meu mundo desabou sobre minha cabeça, não queria acreditar que isto estava acontecendo comigo, sabia que esta era a pior notícia que uma garota pode receber e que não havia nada pior nesta vida do que uma gravidez indesejada... Como estava enganada, hoje eu sei.
Como eu havia dito antes, toda ação gera uma consequência, eu havia trepado muito, usado e consumido vários tipos de drogas e entorpecentes, meu corpo havia sido penetrado e sodomizado por todo tipo de vagabundo, drogado e ladrão, e havia um em especial, com o qual eu estava me relacionando ultimamente, havia até me mudado para sua casa, pareciamos até uma família, por isso decidi dizer que aquele filho que eu esperava era dele, bem... podia ser mesmo dele, ou não, quem sabe?
Bem, como eu estava dizendo, a dor que eu sentia era tremenda, tive uma gravidez de risco, e logo no início, foram pedidos vários tipos de exame que fazem parte do pre-natal, e mais ou menos seis meses depois, logo no inicio de 1999, descobri algo que iria mudar minha vida...
Resultado... tive um filho, moro com o vagabundo que supostamente é seu pai, e hoje pago caro pela vida depravada, promiscua e pervertida que levava e ainda levo. Mas se engana quem pensa que estou só, que sou infeliz e me escondo por entre sombras e becos... não, eu fiz tudo que sempre quis, vivi a vida no limite, sou quem sou por opção e não me arrependo de nada, trepei e chupei muito, esprementei de quase tudo nesta miseravel vida, conheci a noite e a beleza das madrugadas, tive as entranhas invadidas por imensos e desejosos membros, senti o prazer de ser penetrada por lingua, dedos e mãos, me surpreendi com a dor descomunal de ser serviciada por três homens ao mesmo tempo, viajei por lugares lindos e fantasticos quando estava sobre os efeitos de narcoticos e baseados, violentei o corpo de virgens meninas e meninos, feri o coração de jovens amantes e apunhalei as costas dos fracos e oprimidos, bebi, cantei, fumei, aprendi e ensinei, e hoje, o que me resta? o que tenho para oferecer aqueles que estão ao meu lado? quem estará comigo quando eu me for? será que vou sofrer?...
Nossa, são tantas perguntas cuja as respostas eu não sei, ou sei e prefiro não acreditar... é mais fácil não pensar, mas tem momentos, principalmente aqueles em que estou sozinha, ou quando o vento invade meu quarto pela janela, ou aqueles em que entro sorrateiramente no quarto e fico olhando meu lindo filho dormir... algo estranho invade minha alma, e um vazio tremendo se apodera do meu corpo e mente, e vejo o quanto sou superficial, e o quanto minhas mãos estão vazias, então eu choro, não sei bem o porquê ou qual o motivo, as lagrimas apenas insistem em sair dos meus olhos.
E são estes momentos que me fazem refletir sobre pasado, presente e futuro e deixam minha garganta seca, meu peito em ponto de explodir de tanta dor e revolta, e a única solução que me resta, é blasfemar contra o criador dos ceus e terra, pela maldição que açoita dia após dia meu corpo, debilitando minha saúde precaria e enrugando este corpo antes esbelto, hoje rodeado de feridas fétidas que sãem pela pele e não se comparam com a febre intermitente que assolam meus ossos, a dor que se espalha pela coluna, cabeça e face provocada pela meningite, é superada apenas pelo infortúnio das constantes diarréias sanguinolentas, que aos poucos vão estirpando todas as minhas forças. E dessa forma vou levando dia apos dia minha vida, curta e dilascerante vida, sem arrependimentos nem máguas, apenas um ódio medonho cujo culpado não é ninguêm mais ninguêm menos, do que eu mesma, sodomita e repudiada; enganadora, mentirosa e lesada; blasfema, ordinária e desonesta; e o preço que tenho que pagar para ser quem sou, é muito alto alto demais...

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