sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

VIDA LONGA VIDA

Pensei que este ano seria melhor do que o ano passado, acreditei que as mudanças, os estudos, o trabalho, meu esforço... Me levariam a um patamar superior, a uma vida melhor, a uma situação de conforto; mas por enquanto, tenho notado que o ano não iniciou como eu esperava, como eu tanto almejava; sonhos são dificeis de se realizar, e os meus parecem rastejar a passos lentos, acredito que minhas ações estão dando sim, alguns frutos, mas não o bastante, não o ideal; gostaria de mudar de vida da noite para o dia, mas sabemos que isto não acontece, por mais que você queira, reze, peça ou implore, a vida jamais será justa; aprendi que: a vida é dura com quem é dura com ela, a vida é cruel com os bons, a vida é injusta com os que pregam a justiça, a vida é trágica com os fracos e acima de tudo, a vida é extremamente covarde com os mansos e generosos. Porra quanta dor ainda será preciso eu sentir, antes que a vida me leve? quantos homens ainda terei que chupar? quanto sexo ainda terei que fazer? quanta humilhação ainda terei que suportar nesta insuportavel vida?
Ser mulher, é ser sozinha, sempre, mesmo quando estamos dividindo a mesma casa, o mesmo quarto, a mesma cama com um homem, ainda assim estamos sozinhas, caminhamos sozinhas dia-apos-dia, pensamos estar segura com nossos maridos e esposos, que nos prometeram cuidar e nos proteger, mas no final, enfrentamos a dor e os problemas de forma solitaria, queria acreditar que nós mulheres somos o sexo forte, mas se isto fosse verdade, porque eu me desabo em prantos quando estou sozinha? porque preciso tanto de um homem do meu lado? porque me sinto mais feliz quando estou sendo violada? Ser mulher é antes de mais nada: "Caminhar pelo vale da sombra da morte" e "Temer todo mal cometido pelo homem", sinceramente, ser mulher é antes de mais nada, ser feliz com a infelicidade batendo a todo momento em nossa porta.
Não é sempre, mas as vezes, existem dias que me sinto mais sozinha, mais carente, mais triste... Geralmente as sextas e sábados meus dias são silenciosos; agradaveis, mas silenciosos, introspectivos, solitarios; talvez porque são estes os dias que tiro para pensar e refletir na semana que passou, no mês que se foi, em mais um ano de luta, em uma vida que é no mínimo agonizante; eu digo que levo uma vida de agonia, pois estou sempre esperando o pior, o provavel, o inevitavel, há tempos deixei de ter esperança, há tempos deixei de acreditar, há tempos deixei de ter fé, poís a vida já me mostrou que o pior cego é aquele que não quer enxergar, e ter fé no dias de hoje, e tentar ludibriar a si próprio, é enganar a si mesmo, é acreditar numa mentira que você gostaria que se tornase verdade, afinal de contas, há um ditado popular que diz: Uma mentira contada mais de 1000 vezes, acaba se tornando realidade, Mas sabemos que isto não é verdade, poís uma mentira será sempre uma mentira. Finais de semana deviam ser sagrados, deviam ser compartilhados com quem amamos, deviam ser dias de descanso e paz... Mas não para mim, pois são estes os dias que reservo para falar com Deus, são estes os dias de súplicas e pedidos, são estes os dias em que me curvo e me prosto diante do meu opressor, do meu aniquilador, da minha santa e sagrada DOR. São nos finais de semana, que me pego em profundos devaneios em relação ao meu passado, de quando eu era linda, jovem e esbanjava vida, de uma época em que eu era o centro das atenções, de um passado repleto de vida, sonhos e contradições, de um tempo em que minhas lágrimas eram sinônimos de prazer extremo, de uma luxúria incontrolável, de um êxtase quase que divino; Talvez retornar ao passado em meus pensamentos e lembranças, seja a única forma de continuar forte, ativa, feliz; quem sabe seja esta a minha forma de fugir do presente, e parar , por apenas um instante, de pensar no futuro, num futuro no mínimo surpreendente.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

ANJO OU DEMÔNIO, CEU OU INFERNO, DEUS OU DIABO. NÃO HÁ O QUE ESCOLHER

"Quero paixão, prazer, bebedeira e todo mal. Quero ver rostos, roçar em corpos e se possível beber um benedictine ardente. Quero conhecer pessoas perversas e ser intimo delas. Quero ver você duro, sentir você grosso e não me abalar com você grande. Quero morder seu corpo, rasgar sua carne, beber seu sangue. Quero fumar um pouco, tomar um trago, picar meu braço. Quero sentir na veia o calor do sangue subir na cabeça. Quero viver mais um pouco, me aproveitar de você como um todo, exaurir meu corpo. Quero surrar o mais fraco e ficar com quem vence. Quero tremer, arrepiar , gemer, gritar. Quero dizer mentiras, ocultar a verdade, falar bobagem, ouvir sacanagem. Quero a brisa em meus cabelos, o vento em meu rosto, molhar meu corpo. Quero a garupa de sua moto, o estofado de seu carro, o sofá de sua sala, o colchão de sua cama. Quero brincar com sua cara e ser severa com sua carne. Quero abrir a boca, morder a vida e ser despedaçada por ela".
CARNAVAL, uma festa que celebra a vontade e os desejos da carne, período em que as pessoas se sentem no direito de trepar em demasia, violentar, trair, sobrepujar; semana em que muitos morrem, se ferem, machucam e se contaminam; dias de euforia, bebedeira, correria; noites de pecado, prazer, luxúria e glória; momentos intensos de pura rendição a música, a dança, ao beijo, e as mãos; dias de entrega, de êxtase, de revelador suor; período em que abraçamos o diabo e contemplamos sua face; e foi justamente neste período, a muitos anos atrás, que algo surpreendente aconteceu, eram dias furiosos de carnaval, já estava pronta para a dor, a insonia e ao álcool, foi ai que, quando eu menos esperava, quando estava prestes a sentir o doce e morno hálito do diabo, momentos finais de agonizante espera, que tive um encontro com DEUS. Hoje ao fechar os olhos, penso: Melhor seria não ter o conhecido, talvez assim sua fúria fosse mais branda, talvez minha ignorância aplacaria sua íra, quem sabe não serias tão severo com sua filha... Tudo bem se não queres me ajudar, pois sei que não sou digna de alcançar sua misericordia, gostaria então que fosses neutro, imparcial e não tomes partido contra minha integridade física, não me açoite e nem levante suas poderosas mãos sobre mim; MALDITO o dia em que nasci, todos a minha volta estão sorrindo neste momento, lagrimas existem apenas em meu rosto, e quem disse que o sol é para todos? BLASFÊMIA são as únicas palavras que sãem naturalmente da minha boca dia após dia, quem disse que não tenho o direito de ser amarga, nutrir-me de rancor, extrapolar minha ira? por quê tenho que aceitar calada meu destino? por quê não posso querer mais da vida? Sou eu quem vou dizer quando parar, sou eu quem vou tomar as rédeas da minha história, sou eu quem faço as regras a partir de agora. Não me mande ficar calada, se há tanto o que dizer, não me impeça de enxergar o que esta a minha frente, ouça meu alarido quando a última trombeta tocar, mas não me diga o quanto errei, pois o senhor errou primeiro comigo.
Como eu havia dito, meu encontro com DEUS, foi algo inesperado, casual, quase que acidental, pois estava preparada para curtir o carnaval em uma pequena cidade aqui da nossa região, se não me engano, estavamos no ano de 1994, mas por força maior, fui obrigada a permanecer reclusa em minha casa, e sem poder viajar, me ví coagida a continuar na tosca cidade de Uberlândia, e sinceramente, carnaval em uberlândia só dá Preto, Pobre e Puta; sem alternativa fui forçada a acompanhar minha irmã mais velha até uma igreja que ela frequentava já fazia algum tempo, não me lembro bem, mas creio que estava possessa e vermelha de ódio, pois aquele era o último lugar que eu gostaria de estar naquele momento; mas no final daquela reunião, quando já estava descendo suas escadas, eis que eu vejo a Criatura que iria mudar para sempre meu destino, o Homem que tomaria para si minha vida , o Deus que atormentaria minha alma e espírito para sempre, o Incredulo que me faria crer na divindade do amor, o Anjo que despertaria meus demônios, o Santo que me abandonaria no mais árido deserto, o Salvador que me condenaria a uma vida de eterna dor e sofrimento...
Aqueles dias, foram dias felizes, dias de paz, dias de paixão, dias de calmaria, de uma calmaria morbita como aquelas que antecedem a tempestade, uma tempestade forte e duradoura, cujo rastro de destruição, se faz presente até os dias de hoje, cujas feridas abertas, ainda não se cicatrizarão, cuja febre permanece latente em meu sangue e a dor pulsa incompreendida entre minhas pernas; Aqueles foram dias de aprendizado, dias de crescimento, dias de entendimento, dias em que eu vi e vivi o mais próximo da face de Deus, dias em que as amarras se soltaram e o escuro véu que cobria meus olhos caíram; dias em que a pulpa transformou-se em borboleta, o ceu tornou-se vermelho e compreendi que o inferno é aqui mesmo na terra; dias em que quando eu mais precisei de Deus, e implorei pela sua presença em minhas orações, e seus ouvidos pareciam não me escutar, e tu não se fizeste presente... Foi então que o diabo me acolheu.

O FILHO DA FILHA DE UMA FILHA DA PUTA.

Já dizia um velho ditado que: "filho de peixe, peixinho é". Nestas simples palavras, reside uma grande verdade, pautada no mais puro e simplório conhecimento popular; isto quer dizer que: você é o espelho de seus país, você será igualzinho a eles amanhã, você não passa de uma miniatura de seus progenitores; se eu me ater a estes fatos, creio que sou igualzinha a minha "querida" e "amada" mãezinha, nem melhor, nem pior, simplesmente igual; resumindo, amanhã, eu serei o que ela é hoje, ou melhor, eu sou hoje, o que ela era ontem, entenderam?
Diante de tal esclarecimento, gostaria de compreender o que faz uma mulher escorraçar sua própria filha de casa, o que faz uma mãe maldizer e amaldiçoar sua própria cria, o que faz uma mãe odiá-la, pelo que você é, se você não passa de uma copia fiel do que ela foi um dia? palavras fortes estas, para caracterizar a mãe que tenho, a mãe que um dia me expulsou de casa, a mãe que um dia bateu em minha cara e me chamou de vagabunda, perdida e rameira, a mãe que um dia não mais me aceitou como sua filha... Eu não guardo rancor, e nem fico me alimentando e remoendo esta tragédia em meu passado, prefiro olhar para frente, e tentar compreender, o que esta acontecendo com meu "filho", o porquê ele é o que é, e a cada dia que passa, ele esta se transformando em uma pessoa cada vez mais parecida comigo, em todos os sentidos; vejo agora, que eu sou o retrato do que minha mãe foi um dia, e meu "filho" esta se tornando uma cópia do que eu sou hoje; agora é tarde para arrependimentos, agora é tarde para concertar o que não pode ser concertado, agora é tarde para para tentar ser o que não sou... Algo dentro de mim, grita com uma voz surda, o futuro certo e tortuoso que minha própria cria irá trilhar neste mundo miserável e cada vez mais pagão; mas quem sou eu para critica-lo ou renuncia-lo, quem sou eu para dar-lhe lição de moral, já que a imoralidade reside entre minhas pernas e de todos os meus antepassados, quem sou eu para mostrar qual caminho seguir, se eu mesma não sei que caminho estou trilhando; uma coisa é certa, a luxúria, a depravação, a dor insaciável da carne e o calor agonizante em cada cavidade e poros do meu corpo, são passados de geração a geração; O desejo descomunal por homens bem dotados e irresistivelmente canalhas, a insensatez e insanidade diante do sexo fácil e o ardor que tenho entre as pernas, são os mesmos que minha mãe tinha, e é o mesmo que meu "filho" carrega; por isso, não o culpo pelo que ele esta se tornando, não o culpo pela vida depreciativa e vulgar que ele esta levando, não o culpo por estar sendo severamente subjugado por sádicos e violentos homens e carniceiros, afinal de contas, antes de mais nada, ele é minha grande "vitória".
Meus olhos se enchem d'água quando vejo seu franzino corpo repleto de marcas, hematomas e arranhões, cuja desculpa para suas feridas, são as brincadeiras na escola; mas aquela voz surda que grita dentro de mim, me atormenta constantemente, querendo revelar a verdade, mesmo eu não querendo acreditar, pois tenho medo do que possa descobrir, por isso prefiro fechar meus olhos para a verdade que brada nos olhos tristes do meu "filho", nas roupas que pouco escondem o seu corpo, na voz fina e delicada que sai de sua boca, na ausencia de boas pessoas e verdadeiros amigos em sua vida... Que frio é este que percorre minha espinha quando começo a pensar nestas coisas? é como se eu pudesse voltar os anos e rever novamente minha vida , na adolescencia perdida do meu "filho", ou no passado obscuro, tortuoso e incestuoso da vadia, puta e ramera da matriarca da família, cujo única herança que ela nos deixa além de seu sobrenome, é o desgraçado estigma de ser filho da filha de uma filha da puta.