sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O DIA EM QUE MINHA SOBRINHA CHOROU.

O que irei relatar hoje com certeza ira chocar muitos de vocês, sendo este talvez meu maior pecado e quem sabe o início de todo meu castigo. Isto aconteceu há muito tempo, eu ainda morava com minha irmã mais velha, ela havia engravidado de um "La Plata" e teve uma linda menina; os anos se passarão, eu entrei para a faculdade e certo dia, estava fumando maconha com uns amigos, em uma festinha particular na casa de um deles, quando avistei o garoto por quem estava completamente apaixonada, beijando uma vagabunda qualquer, aquilo me deixou arrasada, não queria acreditar, não suportava mais ser sozinha, e no meio daquela loucura, resolvi dar um "tapa" em algo mais forte, como por exemplo a cocaina. Deus, aquilo me deixou extasiada, aquela sensação de solidão e vazio havia acabado, eu me sentia não como um anjo, mas como um demônio, capaz de fazer qualquer coisa e ter qualquer um; haaaa que sensação extraordinária, eu seria capaz de "dar" a noite inteira, não só para o garoto por quem estava apaixonada, mas tambem para a "puta" que o acompanhava, nesta hora, não existe o certo e o errado, não existe homem e mulher, não existe preconceito ou cor, resta apenas, um desejo descomunal de ser feliz, uma vontade imensa de pegar o que é seu por direito, a certeza de que voce é espacial... não demorou muito, para aquela sensação de vazio, solidão, impotência tomar conta de mim novamente, resolvi então que já era hora de partir, e fui para casa mais cedo que de costume; lá chegando, encontro minha irmã tentando fazer minha sobrinha dormir, pois ela iria sair com o namorado e não voltaria para casa naquela madrugada... Disse a ela que poderia sair, eu mesmo tomaria conta da minha sobrinha, precisava apenas tomar um banho e que iria dormir logo; deixei minha linda sobrinha assistindo TV, enquanto entro para o banheiro e retiro minha roupa na esperança que a água leve toda esta angustia e dor que paira sobre meus ombros.



Minha sobrinha é linda, seus cabelos loiros e cacheados a transformam em uma verdadeira boneca, esta sempre brincando com sua "barbie" ou andando em sua pequena bicicleta, ela já estava com seis anos naquela época, hoje já é uma adolescente, e assim como a mãe e a tia, já posso prever seu futuro...



Sentei no chão frio do banheiro, enquanto a agua morna derramava sobre meu corpo, estava me sentindo muito sozinha, muito carente, muito frágil e desprotegida, estava em um daqueles momentos em que nós mulheres, transaríamos com o primeiro homem que batesse a nossa porta, ou seja, eu estava realmente necessitada, começo então a chorar, abraçada as minhas próprias pernas, faço uma oração silenciosa, na tentativa de que Deus me desse uma resposta as muitas súplicas que há tempos tenho lhe pedido; mas é envão, e a única resposta que ouço, são meus próprios soluços e gemidos no canto frio daquele banheiro...


Derrepente, ouço uma voz fininha e angelical batendo a porta, é minha sobrinha de apenas seis anos perguntando o por quê estou chorando? não chore titia, por favor, não chore... Me lembro disto como se fosse hoje.


Respirei forte pela boca, tentando tomar algum fólego, e respondi que não estava chorando; não se preocupe, a titia está apenas pensando meu anjo, eu já vou sair do banheiro, fica ai assistindo TV que eu já vou. Levantei do chão, fechei o chuveiro e me enrolei na toalha depois de enchugar meus olhos, devo ter passado umas quatro ou cinco vezes o pente pelos cabelos e abri a porta... Ela estava ali parada, olhando com aqueles olhos enormes, me fitando com um ar de dúvida e receio, porêm seus olhos transbordavam ternura, como se estivesse compartilhando da mesma dor, do mesmo sofrimento do que eu; novamente com sua voz fininha, ela pergunta: estava chorando titia? Eu respondo que não, que estava apenas com saudade da vovó, você não tem saudade da vovó? perguntei.


Estendi minhas mão em sua direção, e peguei sua mãozinha conduzindo-a até o quarto, disse que já estava tarde e era hora de menina ir dormir, retirei a coberta que estava sobre a cama e coloquei-a deitada; nesta hora, com seus olhos enormes ela me pede para dormir comigo, pois já sabia que sua mãe não viria naquela noite, fomos então para meu quarto, enquanto ela se ajeitava em minha cama, eu terminava de enchugar meu corpo próximo do guarda-roupa, procurando algo para vestir... Neste momento ouço minha sobrinha dizer: Titia você tem o corpo mais bonito que eu já vi, quando eu crescer quero ser igual a senhora... Nesta hora, viro-me para tráz e vejo minha sobrinha assentada sobre a cama olhando fixamente para meu corpo, seus olhos sem nenhuma maldade ou malícia percorrem meu corpo de cima em baixo, olhar este, que uma mulher espera receber do homem que ama, pelo menos uma vez na vida.



Não sei o que se passou em minha cabeça naquele momento, mas era tudo que eu queria ouvir, era tudo que eu precisava ouvir, e repentinamente um desejo enorme de abraçar minha sobrinha e agradecer pelo elogio, tomou conta de mim, e sem perceber que ainda estava nua, andei até ela e estendi meus braços em um abraço forte e demorado, nesta hora me faltaram palavras e as lágrimas voltaram a correr pelo meu rosto...



Existem demônios que assolam nossos pensamentos constantemente, e para nos livrarmos dele é preciso sermos fortes, forte o bastante para afasta-lo de nossa cabeça... mas quando eles invadem nosso corpo, ai não tem jeito, porque na luta do espirito contra a carne, a carne sempre devora o espirito.



E naquele abraço longo e terno, comecei a sentir o calor daquela menina, calor que emanava de seus bracinhos finos e desnudos, calor que vinha de seu hálito e me embriagava, calor que passava de seu corpo para o meu me fazendo travar uma luta já perdida contra meus próprios demônios.
continua...

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