quinta-feira, 24 de julho de 2008

A PUTA QUE SOU, MOSTRA A VIDA QUE LEVO.

Certa vez, ainda muito jovem, conheci uma garota que assim como eu, tinha sonhos e fantasias, quanto ao futuro, quanto a namorados, escola, casamento... Nos freqüêntavamos a mesma igreja, porém adoravamos um Deus diferente, ela acreditava e tinha fé em um Deus único e verdadeiro, eu acreditava no homem e no poder que emana do seu corpo, ela retida em sua santidade, orava e pedia bençãos para sua vida e seu futuro, enquanto eu, ajoelhava nos fundos da igreja e "chupava" todos aqueles que me desejavam, ela venerava sua virgindade e preservava a pureza de espirito e a não violação do seu corpo, eu trazia as marcas da adulteração e da promiscuidade em todos os poros da minha carne e a certeza do sexo facil em meus olhos, ela rogava perdão divino todos os dias de sua vida, eu implorava por satisfação e clamava por prazer quase todas as noites...
O tempo passou, eu saí da igreja e nos distanciamos até a total separação, eu mudei, meus sonhos e fantasias ficaram para tráz, meus objetivos não são mais aqueles da minha juventude, e a nossa amizade só vigorava nas minhas lembranças... Até o dia em que eu a reencontrei inesperadamente, no Hospital de Clinicas de Uberlândia, ela era aluna residente do corpo médico, e eu interna na ala de M.I. (molestia infecciosa). Senti um misto de surpresa, vergonha e inveja, na hora meu rosto ficou corado e minhas mãos suavam frio devido o desconforto que a presença daquela pessoa me proporcionava, tentei disfarçar minha presença, virando meu rosto para o lado e fingindo não tê-la reconhecido, mas a pompa e a altivez que aquela figura impunha naquele quarto, me causava raiva e rancor, inveja pura e simples, desdenho e amargura... Com aquele ar seguro e a certeza de ter vencido na vida e atingido seus objetivos, aquela criatura se aproximou de mim com um sorriso desdenhoso e me chamou a atenção, me comprimentando e certificando-se de que nós nos conhecíamos e de que eramos grandes amigas no passado.
Disfarcei naquele momento, fingindo surpresa e alegria em tê-la reencontrado, mas notei que por tráz daquele sorriso fingido e desdenhoso, havia uma pessoa incomadada, receosa e com nojo de abraçar-me, ou comprimentar pegando minha mão, e quem sabe, até mesmo em respirar o mesmo ar pestilento que eu exalava. Com a mesma apatia, comprimentei-a e perguntei como ela estava? Com uma resposta positiva, ela também perguntou pela minha saúde e como eu estava passando? Não tão bem como você, respondi.
Após uma consulta rápida e informal, ela se retirou do quarto, com uma alegria estampada no rosto, muito maior e mais evidente do que quando entrara, pelo fato, quem sabe, de ter reencontrado sua ex-amiga em uma situação humilhante, depreciativa e vergonhosa por ter contraído um mal que só as putas, mais rameiras e vagabundas, destituidas de qualquer pudor e conhecimento intelectual podem sofrer e contrair, comprovando definitivamente a vida vadia que eu levo e a rapariga que sou.

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